Um Videogame Mega #2 (Super Monaco GP – 1990)

Por: Alex The Kid

 

Eu não acompanho a Fórmula 1 desde 2009, ano em que o brasileiro Rubens Barrichello ensaiou uma disputa de título, mas que o mesmo acabou terminando na terceira posição do Mundial de Pilotos. Infelizmente, esse também foi o último ano em que o Brasil chegou perto do título e em 2018, sequer teremos um representante do país na categoria. Isso é triste por um lado, mas nossos tempos de glória estão marcados na história da F1 e, talvez, um dia eles voltem.

Me considero um sortudo, pois acompanhei um período incrível da Fórmula 1, com os brasileiros Nelson Piquet e Ayrton Senna voando baixo. De 1987 a 1993, era comum eu acordar no domingo e correr pra frente da TV, no intuito de assistir as peripécias não só dos brasileiros, mas também de Alain Prost, Nigel Mansell (que segundo Nelson Piquet é um “burro muito rápido”), Jean Alesi, Gerhard Berger e um cara que era novato, chamado Michael Schumacher, mas que acabou se tornando o maior vencedor da história da categoria.

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A agressiva capa de Super Monaco GP da Tectoy.

 

Perdido em memórias após ler algumas das matérias do excelente site Projeto Motor (http://projetomotor.com.br/), que é o melhor editorial do Brasil sobre corridas das mais diversas categorias, resolvi que estava na hora de falar um pouco sobre a F1 nos videogames. Sim! Desde o Nintendo 64, eu não jogo um game baseado na categoria. Então é hora de relembrar o meu jogo de F1 favorito: Super Monaco GP, para o Mega Drive.

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O famoso Enduro, da Activision, para o Atari 2600.

Muitos gamers da minha idade iniciaram a jogatina no Atari. E foi justamente esta geração que tem em Enduro, uma grande referência como o princípio dos jogos com temática da F1.

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O Super Monaco GP II e World Grand Prix, do Master System, jogos que me faziam correr nos 8bits, antes de conhecer o meu game favorito de F1.

Minha jogatina com Enduro foi muito curta. Eu preferia os jogos de aventura do Atari, como Hero e Pitfall. No Master System, videogame da geração seguinte, eu joguei dois jogos baseados nas competições da F1: World Grand Prix e Ayrton Senna’s Super Monaco GP 2. Só depois disso, lá pra 1993, conheci o Super Monaco GP do Mega Drive.

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Os jogos que antecederam Super Monaco GP. Nos arcades, tivemos Monaco GP e Pro Monaco GP.

O jogo foi originalmente lançado para os arcades em 1989 e recebeu seu port para o Mega Drive em 1990 (juntamente com o Master System e o Game Gear). O game deu continuidade à série, que se iniciou com Monaco GP (1979) e que, posteriormente teve o Pro Monaco GP (1980).

Ocorre que Super Monaco GP é completamente original e dá um banho nos antecessores e em qualquer jogo da época que ousou rivalizar com ele. As reações ao game foram muito positivas e ele, até hoje, segue vivo na memória dos fãs.

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O modo Super Mônaco GP é basicamente uma simulação de arcade.

O jogo possui três modos, o World Championship é o mais interessante e é baseado no Mundial de F1, o Super Monaco GP, que é uma competição, contra o relógio e contra os pilotos rivais, com dois desafios (pista seca e pista molhada) e o Free Pratice, que como o próprio nome já diz, é o modo onde o jogador pode ficar praticando à vontade por qualquer uma das dezesseis pistas do Mundial de F1.

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No modo World Championship, o jogador inicia numa equipe chamada Minarae (Minardi).

Falando em pistas, Super Monaco GP oferece traçados similares às pistas do Mundial de 1988 (natural se considerarmos que a versão de arcade foi lançada em 1989). A ordem dos GPs não chega a ser exatamente a mesma, porém os circuitos estão todos lá, incluindo o do Brasil, que nessa época era disputado no Rio de Janeiro, no Autódromo de Jacarepaguá (que hoje não existe mais).

Participando do modo World Championship, o jogador tem acesso ao que o jogo tem de mais interessante e pode passar por todas as equipes disponíveis no jogo. Esse tour dura umas duas temporadas.

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O jogador pode galgar seu espaço até chegar na Madonna (Mclaren), melhor equipe do jogo.

Como eu disse acima, pilotos e suas equipes estão presentes no jogo. E essa é uma parte muito curiosa, pois, sem a autorização da FIA, os profissionais e os times não tiveram seus nomes reais expostos em Super Monaco GP. Não trato isso como uma forma negativa. Inclusive é algo bem comum no mundo dos videogames.

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O brasileiro A. Picos (Nelson Piquet) é um dos pilotos disponíveis no jogo.

Dentre os pilotos mais conhecidos do público geral, Super Monaco GP expõe: A. Asselin (Alain Prost), o francês piloto da Madonna (Mclaren); F. Elssler (Gerhard Berger), o austríaco piloto da Firenze (Ferari); G. Alberti (Riccardo Patrese), o italiano piloto da Millions (Williams); A. Picos (Nelson Piquet), o brasileiro piloto da Bestowal (Benetton); J. Herbin (Jean Alesi), o francês piloto da Blanche (Brabham); M. Hamano (Satoru Nakajima), o japonês piloto da Tyrant (Tyrrel) e R. Cotman (Nigel Mansell), o inglês piloto da Rigel (Rial).

Esses são apenas alguns dos pilotos presentes no jogo e suas equipes, que, podem sofrer modificação de acordo com a evolução do jogador. Sim, dá pra evoluir e trocar de equipe durante o campeonato. Caso o jogador escolha um rival e chegue na frente dele por duas vezes, a equipe adversária o chama para entrar para o time.

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Todas as equipes e seus respectivos levels.

Caso o jogador perca duas vezes para o rival, acabará sendo demitido e rebaixado para uma equipe inferior. São dezesseis times no total, divididos em quatro levels (A, B, C e D), sendo a Madonna (Mclaren), a melhor equipe e a Zeroforce (Zakspeed), a mais fraca de todas.

Para pilotar, o jogo te oferece três tipos de câmbio, sendo um automático, um manual de quatro marchas e outro manual de sete marchas. Modificar o câmbio para o manual, deixa o jogo bem mais interessante e muito mais difícil. Além da possibilidade de mudar o câmbio, Super Monaco GP me apresentou duas possibilidades novas em games de corrida, sendo que (i) há a possibilidade de parada nos boxes para reparos no carro e (ii) existe o uso do vácuo (que eu tenho um pouco de dificuldade em aplicar).

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O jogo oferece três tipos diferentes de câmbio.

A jogabilidade do game é leve, com um nível de precisão limitado àquilo que víamos na época dos 16 bits. Eu gosto de jogar com a visão “on board”. Já os gráficos, eram o máximo que tínhamos na época apesar dos pixels “crocantes”, Super Monaco GP é um jogo bonito e eu não vi nada tão bem feito até surgir os divertidos Nakajima Satoru F1 Grand Prix (1991) e Virtua Racing (1992). A parte gráfica tem os créditos do designer Kaki e dos programadores Mashiro Wakayama e Takahiro Hamano (que também trabalharam na sequência, Ayrton Senna’s Super Monaco GP 2).

A música do jogo é um espetáculo a parte. As corridas são sóbrias, apenas com os efeitos sonoros, mas em compensação, todos os menus têm empolgantes melodias, que considero uma tremenda obra prima feita por Bo (Tokuhiko Uwabo).

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A Zeroforce (Zakspeed) é a pior equipe disponível. Repare que tem apenas três funcionários recebendo o jogador.

Uma condição interessante do modo Super Monaco GP, poderia ter sido aproveitada no modo World Championship, que é a quebra dos carros adversários. Penso que isso caberia bem em alguns GPs, como o do México, onde a equipe do jogador avisa que a altitude do local pode prejudicar o motor. Acho que tornaria a corrida mais emocionante, ainda mais para jogadores que se acostumam rápido com o traçado das pistas. Um carro parado no meio do circuito, faz com que o desafio fique maior.

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A Madonna (Mclaren), diferente da Zeroforce (Zakspeed), possui diversos funcionários e uma paddock girl. Vários equipamentos são exibidos e não tem nenhuma manchinha de óleo no paddock.

Outra faceta interessante são os comentários dos pilotos adversários e também os da equipe do jogador. Tais comentários variam de acordo com o rendimento do jogador, se você vai bem, te tratam com respeito e elogiam, se você vai mal, te criticam ou debocham. Esse é mais um fator para se passar por todas as equipes.

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G. Ceara (Ayrton Senna), é extremamente difícil de ser batido e faz o jogador voltar para uma equipe Level C, caso vença.

Quando o jogador ganha seu primeiro Mundial de Pilotos e acha que o jogo não poderá mais apresentar nada de novo, Super Monaco GP surpreende, te desafiando a defender o título e inserindo um novo nome no hall de pilotos. Trata-se simplesmente do brasileiro da Bullets (Arrows), chamado G. Ceara (Ayrton Senna). Ceara solta um “Your days are gone!” e seus dias realmente já eram! Pois quando o cara começa a corrida, passa por você como um raio e é quase impossível de alcança-lo! Eu só descobri que Ceara pode ser ultrapassado, quando vi na internet como fazê-lo. Mas nem assim eu consegui e acabei perdendo meu lugar na Madonna (Mclaren) pra ele, sendo assim rebaixado para a equipe Dardan (Dallara). Depois disso, consegui me repor no campeonato e acabei derrotando Ceara no mundial.

Depois de me acostumar com boas equipes, foi dureza voltar a pilotar um carro Level C. Eles quebram com maior facilidade e têm menos estabilidade, rapidez e retomada de velocidade.

Disputar mundiais seguidos, deixa o gameplay de Super Monaco GP com um tempo bem razoável de gameplay, por conta disso, o jogo possui o sistema de passwords, que era muito útil na época, onde os “saves” ainda não eram algo comum.

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A modelo Mercy Rooney foi a inspiração para a paddock girl que aparece no menu do jogo.

Existe um sexismo apelativo evidente no jogo. Digo isso baseado em algumas situações, a começar pelo menu do jogo, que conta com uma paddock girl num maiô amarelo. Algo bem provocante pra molecada, que na época não sabia que tratava-se de pura inspiração na modelo Mercy Rooney, capa da Playboy americana de dezembro de 1972. Outro detalhe que certamente traria polêmica nos dias de hoje, é o fato de algumas equipes te receberem com mulheres trajando roupa de banho. Esse tipo de coisa, visto com inocência décadas atrás, não seria nada aceitável hoje em dia.

Concluindo, Super Monaco GP é um jogo datado. Suas similaridades com uma corrida de F1 são extremamente relativas e passam longe do que vemos hoje em dia, com jogos que mais parecem simuladores e nada fáceis de se habituar. No entanto, o jogo é muito agradável de jogar. Sua mecânica simples (para os dias atuais) torna o game divertido e sua música é icônica. Antes de escrever essa matéria, me peguei diversas vezes passeando pelos rivais do campeonato, para ficar analisando os carros deles e, assim, dar uma leve viajada no tempo. Vale a pena jogar de novo!

2 comentários em “Um Videogame Mega #2 (Super Monaco GP – 1990)

  1. Eu tive esse jogo. Só acha duas coisas ruins, os passwords que eram muito longos e as vozes que eram muito mal digitalizadas. Simplesmente não se entendia nada do que era dito.

    De resto era um bom jogo.

    Curtido por 1 pessoa

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