O Grande Nintendinho #1 (Yo! Noid – 1990)

Por: Alex The Kid

 

Em 1991, eu tinha meu Master System voando baixo e já estava inserido no meu sangue, o “DNA Gamer”. Para complementar a minha sorte, do outro lado do meu prédio, meu amigo mais antigo já estava lá com o console rival: O Nintendinho e seu acervo absurdo de jogos. Nessa época, pré-locadoras de games, nós tínhamos muito tempo livre para dedicarmos aos difíceis jogos do NES.

Tela de Fundo
Tela de introdução.

Yo! Noid foi um estouro no lançamento! Nós não sabíamos do que se tratava, apenas de que era um bom jogo, pelo menos assim diziam as revistas especializadas da época, inclusive a minha favorita, a revista Video Game da Editora Sigla. A Video Game tinha colocado Yo! Noid como o jogo de maior sucesso do NES na época (abril de 1991) e deu nota máxima em todos os quesitos. Eu fiquei abismado com aquilo. Foi então que meu amigo, graças a Deus, foi até a finada Fotomania e convenceu seus pais a comprarem o game, a partir daí, começamos nossa jogatina frenética.

O cartucho não era original da Nintendo, pois na época tínhamos a nefasta reserva de mercado, protegida pela Lei 7.232/1984 (discutiremos isso em outra oportunidade). Pois é! Por mais que pareça absurdo, era normal comprar um jogo pirata numa loja de varejo. Os originais eram raros, na verdade, eram contrabando. Nosso país é realmente muito louco.

Primeira Fase
Primeira fase.

Mas vamos ao jogo em si: Yo! Noid foi desenvolvido pela Now Production e produzido pela Capcom, sendo lançado em 1990 para o NES. A trama do jogo ocorre em Nova Iorque e as coisas ficaram feias por lá. Um replicante do Noid, o malvado Mr. Green, determinou que criaturas gosmentas tomassem de assalto a cidade. O prefeito não deixou barato e convocou Noid para salvar a população. O herói usará seu ioiô nervoso e algumas outras habilidades especiais para derrotar seus inimigos. Além do ioiô, Noid tem, com o passar das fases, um skate, um pula-pula e um helicóptero para auxiliá-lo. Além dessas máquinas, Noid possui algumas magias que ficam guardadas em pergaminhos. Basta acertá-los com o ioiô, que as magias ficarão disponíveis. E elas são muito úteis, pois o jogo não é dos mais fáceis e sua dificuldade é algo que me intriga, pois por vezes a considero absurda e em outras eu a acho mediana.

Eu revisitei o jogo uma semana antes de publicar essa matéria e como eu já o havia terminado na década de 1990, alguns movimentos pareceram automáticos pra mim. Mas a verdade é que antigamente as coisas foram muito mais tranquilas pois eu já estava, vamos dizer, encascorado! Nós não tínhamos as mamatas de hoje em dia. Não podíamos salvar o jogo. Então eu resolvi fazer como nos bons e velhos tempos. Jogar sem o famigerado “save state”. Nossa! Foi sofrido. Tanto que desisti dessa ideia na 10ª fase (são 14 fases no total).

Yo! Noid é um jogo de plataforma simples. O jogador vai progredindo da esquerda para a direita, abatendo os inimigos e saltando nos pontos corretos. Um hit é o suficiente para perder uma vida, já que não há barra de energia. O jogo não possui chefões. No lugar deles o jogador enfrenta replicantes do Noid num concurso para ver quem come mais pizzas. O concurso é na verdade um jogo de cartas, onde quem escolher as cartas maiores acumula mais pontos (ou pizzas). Para se dar bem nos chefes, o jogador precisa ficar atento nas fases e pegar os itens escondidos que ajudam, e muito, a ganhar as disputas. Os itens variam desde pimentas, que sabotam o adversário, a multiplicadores de cartas.

As disputas com os chefes são bem fáceis. Basta saber contar, que o jogador avança. O terror mesmo são as fases. Mas mesmo em algumas delas, o jogador encontra a chance de um caminho mais curto, pois existem fases secretas que podem ser acessadas com saltos em locais específicos. Nas fases secretas o jogador precisa acertar os inimigos com marteladas quando esses saem de buracos. Se o jogador acertar o suficiente de inimigos, avança de fase e ganha um continue. Se não acertar, perde uma vida e volta para o início da fase.

Concurso de Comer Pizza
O campeonato de “comer pizza”.

Os continues não são conquistados apenas nas fases secretas. Caso o jogador consiga vencer um chefe sem perder nenhum ponto, também ganha um continue. Além disso, a cada 20.000 pontos, ganha-se uma vida. Essas metas não são difíceis de alcançar.

A jogabilidade simples de Yo! Noid contrasta com a habilidade necessária para progredir no jogo. O avatar que o jogador usa tem uma agilidade limitada, ou seja, se ocorrer um movimento errado, dificilmente há tempo para corrigir e essa é a principal dificuldade do jogo (apostos que muitos desistiram na segunda fase).

Hanamaru
A capa de No Ninja – Hanamaru.

Mas uma pergunta que surgiu durante o lançamento do game no Brasil foi: Quem diabos é esse tal de Noid? Muito bem, o personagem foi criado para ser um mascote da Domino’s Pizza que, na época de lançamento do jogo, sequer existia no mercado nacional. Mas o game não foi inicialmente desenvolvido visando essa propaganda massiva da pizzaria, usando as crianças como alvo. Na verdade, Yo! Noid foi criado em cima do jogo Kamen No Ninja – Hanamaru, aproveitando toda a mecânica do jogo, incluindo, obviamente, a jogabilidade e também algumas músicas.

Antes de escrever essa resenha, dei uma boa olhada em Hanamaru. E posso dizer com todas as letras que Yo! Noid é infinitamente melhor de se ver do que o jogo original (essa afirmação certamente se dá pelo meu saudosismo). O desenho das fases está mais caprichado e até o avatar do personagem é melhor representado.

Comparativo dos jogos
A comparação entre ambas versões.

A verdade é que o game aproveita ao máximo as cores disponíveis no Nintendinho e isso o faz ser mais agradável aos olhos. Os gráficos estão acima do razoável e a música… Bem, a música de algumas fases é divertida e de outras um tanto quanto irritante. Mas escutá-las novamente foi nostálgico.

O personagem sumiu do mapa pouco tempo depois do jogo. E a razão é um acontecimento que por pouco não se tornou uma tragédia, envolvendo um homem chamado Kenneth Lamar Noid, que sofria de esquizofrenia e que, em 30 de janeiro de 1989, invadiu uma loja da Domino’s em Atlanta (EUA), fazendo alguns funcionários reféns. Kenneth estava com um revólver e ficou com os funcionários por horas, mas eles conseguiram fugir. Após o incidente, o homem ficou um tempo internado numa instituição psiquiátrica até se suicidar em 1995.

Mapa
O jogo mostra um mapa da cidade, com o percurso percorrido por Noid.

O fato é que o que Kenneth Lamar Noid acreditava ser o verdadeiro Noid e que a Domino’s, que possuía uma campanha publicitária intitulada “Avoid The Noid” (Evite o Noid) conspirava contra ele no intuito de que as pessoas, de fato, o evitassem.

Os incidentes foram o suficiente para que a Domino’s enterrasse o personagem que só reapareceu (de maneira oficial), de forma breve, na comemoração de seus 25 anos em 2011.

Yo! Noid é um jogo que está guardado no meu coração, gostaria muito de ter jogado uma continuação, mas sei que as chances de produzirem uma é mínima (existe uma continuação feita por fãs em 3D, mas com pouca qualidade).

 

4 comentários em “O Grande Nintendinho #1 (Yo! Noid – 1990)

  1. Esse acho que foi o primeiro ou um dos primeiros jogos com uma divulgação bem intensa nas revistas, o pessoal falava bem dele. Mas quando joguei na época, foi na casa de um amigo, não gostei muito, joguei pouco. Com certeza quero voltar nele mas com a intenção de conhecer e jogar inteiro.
    Abração.

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