Por: Alex The Kid
Não é todo músico que tem um jogo de videogame. Mas Michael Jackson não é um músico qualquer. Michael Jackson é Michael Jackson, o maior astro da história da música pop. O Rei do Pop! E ele protagoniza um jogo que figura facilmente entre variadas listas de clássicos do Master System. Sendo assim, bora relembrar essa peça!
Em 1991 eu mandei bem na escola. O resultado disso, como não poderia ser diferente, se reverteu no Natal. Havia uma regra muito simples do “Natal Capitalista” lá de casa: Vá bem na escola que você será recompensado! E que Natal! Além dos Comandos em Ação (ganhei três veículos), faturei dois belos jogos de Master System. Time Soldiers e a bola da vez: Michael Jackson’s Moonwalker!
Imaginem um garoto que era fã do Rei do Pop, já enlouquecido com o lançamento do clip de Black or White (que passou na TV num domingo de novembro de 1991 e faz parte do álbum Dangerous), esperando alucinadamente para ganhar seu cartucho, colocá-lo no Master System e iniciar um jogo em que o Michael Jackson mete a porrada em todo mundo, vira um robô, uma espaçonave e ainda faz as coreografias famosas dos clips!
O jogo havia sido lançado no Brasil em junho de 1991 e o meu hype estava explodindo no céu! E, com toda a sinceridade, não decepcionou. Depois que eu comecei a jogar Moonwalker, o outro game do Natal, Time Soldiers, ficou completamente de lado (por alguns dias, pelo menos).
Antes de escrever essa matéria eu, obviamente, rejoguei Moonwalker até zerar. É curioso como eu coloco minha mente no automático e executo os movimentos do jogo, numa tentativa de replicar aquilo que eu fazia no passado. Mas não sou mais o jogador que eu era quando tinha 11 ou 12 anos. Os jogos atuais são completamente diferentes.
Algumas fases que eu terminava com extrema facilidade, me apresentaram certo nível de dificuldade, principalmente as últimas. Os cachorros da terceira parte da fase do estacionamento, também me deram uma rápida infernizada. Mas eu fui passando até terminar o jogo e me deparar com um dos muitos finais decepcionantes dos games do Master System. O final tem uma tela de uns três segundos, com Michael Jackson transformado numa nave espacial e singrando o espaço. Depois vieram os créditos, com o avatar do artista dançando todas as coreografias presentes no game.
Hoje em dia há uma exigência maior daquilo que o jogador recebe ao terminar um jogo. Mas nessa época era comum a decepção. Geralmente os jogos fechavam com um “Congratulations” e uma animaçãozinha. E, dependendo da dificuldade do jogo, essa situação se tornava bem frustrante, pois você cumpria os desafios impostos pelo game e não tinha nenhuma recompensa além da glória de ter superado a máquina.
Falando em dificuldade, Moonwalker tem um desafio de mediano para baixo. Seus continues infinitos provam isso. Há elementos de recuperação de dano espalhados pelas fases (estatuetas amarelas do Michael Jackson), só que após um pouco de experiência adquirida, o jogador vai passando de fase sem precisar desse benefício.
A jogabilidade é bem simples, Michael salta abaixa e movimenta-se lateralmente. Os golpes variam de acordo com a posição do avatar, podendo replicar movimentos coreográficos do artista. Existe uma estatueta dourada de Michael Jackson, nas segundas partes das fases, que fornece um novo golpe, que é o arremesso de chapéu. Apesar de ser bom para acertar os inimigos à distância, o arremesso tem execução mais demorada e, dependendo da velocidade que o jogador precisa, essa falha pode acabar prejudicando um movimento.
O botão de ataque, se pressionado, faz Michael Jackson girar até iniciar uma dança, eliminando todos os inimigos da tela, porém esse movimento consome energia. Colocando o direcional pra cima, Michael fica nas pontas dos pés e, se precionado ataque combinado com direcional para os lados, o avatar do herói aplica o “moonwalk”.
O jogo segue a história do filme no qual é baseado, com os devidos acréscimos criativos. Michael tem que encontrar menininhas raptadas pelo malvado Mr. Big (interpretado no filme por Joe Pesci). Para isso, o jogador encarnará o herói, vestido com seu terno branco, como no filme de 1988, por seis estágios, sendo os cinco primeiros divididos em três etapas com progressão de dificuldade, além de um sexto estágio, dividido em duas partes.
Os gráficos do jogo usam bem a capacidade de 2 mega do cartucho. As cinco primeiras fases são no Club 30’s, no Estacionamento, no Cemitério, nas Cavernas, e na base High Tech do Mister Big, e trazem, respectivamente, versões adaptadas, ao sistema de áudio do console, das músicas: Smooth Criminal, Beat It, Another Part of Me, Billie Jean e Bad. A sexta fase possui músicas específicas feitas para o jogo. Quem adaptou as músicas para o Master System foi Takayuki Nakamura (que também trabalhou no primeiro Asterix do Master).
É justamente na última fase que a jogabilidade muda, pois o avatar de Michael se transforma num robô na primeira parte, lutando contra os soldados de Mr. Big e numa nave espacial na segunda parte, tendo que derrotar o próprio Mister Big.
O level design do jogo é muito bom, mas o que chama a minha atenção até os dias de hoje, são os sprites que dão forma ao avatar de Michael Jackson no jogo. Que trabalho competente, com movimentação fluida e agradável de jogar. Obra dos designers Udi (que também trabalhou em Cyber Shinobi do Master); Sadou e Fudou e dos programadores Minepy; Kidopyu; Mochaponpon (que também trabalhou em Battle Out Run do Master) e Kozaoyaji.
Uma curiosidade envolvendo o jogo, está no tocante à música da terceira fase, que se passa num cemitério. Originalmente, a ideia era que tocasse uma adaptação de Thriller, no entanto, diante de questões autorais (a música não foi escrita por Michael Jackson e sim por Rod Temperton e isso certamente iria onerar a produção do jogo) acabou sendo substituída por Another Part of Me.
Moonwalker é apenas um dos episódios de parceria do artista com a Sega. Michael Jackson chegou até a trabalhar na trilha sonora de Sonic The Hedgehog 3 (de Mega Drive), mas acabou não sendo creditado. Para mais detalhes, aconselho o vídeo dos amigos Junião e Marcel, do canal Minicastle, onde é esclarecida essa questão, não só da terceira fase, como também do terceiro jogo do Sonic (Link para o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=nHMUm-_Kf0Q).
Hoje em dia, Michael Jackson’s Moonwalker não tem mais como ser considerado um jogão, mas na memória de quem apreciou o game em seu lançamento, segue inesquecível. E com essa memória, o Rei do Pop segue vivo, estrelando a maior aventura musical da história dos videogames!
POD OU NÃO POD 
Lendo o post de Strider e em seguida no meu comentário sobre, mostra quão impressionante esses games sempre trazem uma experiência vivenciada por nós. Lembro que quando eu joguei o game, num desses sábados maravilhosos de jogatina, eu tinha acabado de chegar com meu irmão do futebol. Jogávamos no juvenil do Goytacaz e quando acabou a aula, fui ansioso pra casa jogar o game que tinha sido alugado na parte da manhã.
Foi uma das poucas adaptações de filmes que eu gostei de ter jogado. A ação do game era muito boa e a música era show à parte. Como eu sofri no cemitério! rsrs e mesmo não tendo Thriller na trilha sonora, acho que Another Part Of Me casou bem com a fase, a melodia de alguma forma tinha a ver com o ambiente. Excelente game.
P.S. Moonwalker foi alugado na pequena Nauck Video perto de casa. A era VGC ainda não tinha se iniciado. Eu não imaginava o que ainda estava por vir.
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Legal a lembrança, Luis!
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